quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Quando o verbo escorre

Escrevo forte porque me preciso assim.
Soubesse eu verbalizar a frase precisa,
a palavra exata, a oração e o sujeito,
entre graves e agudos, eu me surpreenderia.

Escrevo por sorte.
Não fosse isso eu seria praticamente mudo,
alheio a tudo, o ser mais solitário do mundo.
Enquanto outros tantos falam demais.

Porque eu não sei me expressar tão bem.
Antes, talvez, fosse necessário aprender a gritar,
subir o tom, elevar a voz e me fazer ouvir.
É que eles falam muito, porém são surdos.

Ainda bem que não sou cego.
Enxergo tão perfeitamente
que em mim reflete
o que neles se esconde.

É quando então eu me revelo em versos,
transformo tudo em prosa,
o céu assume tons de cinza e rosa
e escorre a tinta sobre o meu papel.


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