Janaína é uma mulata arrebatadora, com 1,75m, cintura fina,
peitos fartos, cabelos tratados, cheirosa e vaidosa que só. Moradora de
Marechal Hermes, trabalha no centro da cidade como secretária de um escritório
de contabilidade. Casada, costuma sair cedo de casa para pegar o trem até a
Central do Brasil, mas antes, prepara o café da manhã pro marido, Nestor,
taxista, e pros filhos, Luana, Lorraine, Luan, de 5, 7 e 9 anos, que ficam com
uma sobrinha. Janaína é do tipo que faz tudo todo dia sempre igual. Só que não.
Naquela manhã Janaína acordou mais cedo, tomou um banho
demorado, passou cremes, caprichou na depilação e deu uma certa exagerada no
perfume. Saiu do banheiro enrolada na toalha, entrou no quarto sem fazer muito
barulho. Nestor ainda dormia, as crianças idem. Do fundo do armário tirou um
vestido de jérsei com estampa de onça, decote sexy, comprimento acima do
joelho, novinho em folha, nunca havia usado. Sobre o sutiã cor de pele e a
calcinha sem costura, o vestido caiu feito uma luva. Brincos dourados, braceletes
com pedrarias e um sapato alto salgo agulha completavam o visual mulata tipo
exportação.
Na cozinha, deu um gole no café preto, comeu um pedaço de
pão com manteiga e deixou sobre a mesa um bilhete para Nestor, o marido,
dizendo que teve de sair mais cedo para preparar o almoço de aniversário de 70
anos do chefe, seu Hilário, mas que as mochilas das crianças estavam prontas e
que era para ele deixá-las na casa da sobrinha, como de costume, que quando ela
chegasse, mais tarde, ela passava lá para buscá-las.
Da estação de trem em Marechal Hermes à Central do Brasil e
durante todo o dia Janaína ouviu cantadas de todos os feitios: Bom dia,
tigresa. Que felina classuda. Essa gata é uma fera. E por aí vai. Janaína
estava mesmo na alturas. O almoço do chefe foi um sucesso, todos os
funcionários do escritório confraternizando, uma alegria contagiante. Parecia
até festa de fim de ano.
No meio da tarde ainda teve bolo, salgadinhos e
refrigerantes. O chefe não podia estar mais feliz. Nem Janaína, que vestida de onça,
estava se sentindo mais poderosa que nunca. Até que no final do dia toca o seu
celular. Era Nestor, o marido.
- Jaguar? Por quê?
- Você saiu de casa hoje igual a uma jaguatirica!
- Antes jaguatirica do que jararaca, feito a sua mãe. Faz o
seguinte, Nestor, não me espera pra jantar. Pega as crianças e se vira, porque
a jaguatirica aqui hoje vai demorar a chegar.
Desligou o telefone antes mesmo que o marido respondesse.
É isso q enfraquece...