Quisera eu todos os aplausos ao encerrar meu canto
enquanto jaz a voz cansada, solitária,
a capela.
Muito embora eu jamais fosse um poeta lírico,
tenho cá também os meus delírios:
trato versos como fossem filhos.
Declamo.
Derramo.
Afago na hora da dor.
Pudera eu ser todas as rimas afinal,
se por muito pouco me traduzo estrofe
e me encontram em frases rascunhadas por cima do muro.
Carrego em mim o grito forte do trovador.
Poesia fina que resiste na guerrilha urbana,
dicionário lúdico de palavras soltas pelas ruas,
quase que escritas como que para estancar meu pranto.
Pois tudo o que eu digo se desdobra em brisa,
o sopro de um vento leve em busca do mar,
sou a dança profana das marés imprecisas.
Sou um rabisco.
Um risco qualquer.
O traço tênue entre o que é o que jamais será.
Sou prosa literária.
Filosofia amoral.
Retrato desnudo do caos.
Compositor do absurdo.