quinta-feira, 29 de abril de 2010

É só o que resta







Esta semana pegou fogo. Literalmente. Foi na segunda-feira, por volta das quatro da tarde, pouco depois de eu ter saído do jornal, que começou um incêndio num mercado de comércio popular, uma espécie de camelódromo, entre a Central do Brasil e o Terminal Rodoviário Américo Fontenelle. Passo ali em frente pelo menos duas vezes por dia e sequer posso imaginar o desespero dos comerciantes em meio ao fogo na tentativa de salvarem suas vidas e suas mercadorias.
Incêndios sempre me impressionaram. Lembro que quando pequeno vi num telejornal, provavelmente o Jornal Nacional, cenas que nunca mais me saíram da memória. Era um incêndio num prédio em São Paulo, chamado Joelma. Uma tragédia que depois virou filme até. Um horror. Agora mesmo, ao escrever estas poucas palavras, me vêm em mente as imagens daquelas pessoas se atirando das janelas do prédio, sem esperança de serem salvas do fogo. Era o salto para a morte.
Graças a Deus neste incêndio no camelódromo da Central não houve feridos. Penso que as perdas materiais tenham de fato sido muito grandes para aqueles que dali tiravam seu sustento. Mas todos continuaram vivos, na luta pelo pão nosso de cada dia.
Não faço ideia de quando ou como a Prefeitura e/ou o Governo do estado vão procurar resolver a situação deles. Até porque nem a Prefeitura nem o Governo ligam muito para o que acontece de fato com o povo. Isso a gente sabe. E isso é tema para outro post.
Passados 3 dias do incêndio, começaram a demolir o que sobrou de pé. O resultado? Algumas montanhas de ferro retorcido, que muitos curiosos feito eu fizeram questão de parar para ver e fotografar. Não sei, mas me pareceu cenário de filme de terror ou suspense. Algo meio Alfred Hitchcock, que por sinal, faz 30 anos hoje, dia 29 de abril, que passou desta para melhor. Ou pior, né? Vai saber. No mais, só restaram as fotos.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Arnaldo Jabor, redes sociais, tuiteiros e ignorantes


Atualmente eu tenho tuitado mais do que qualquer outra coisa. Na verdade só o online do Jornal do Commercio me toma mais tempo em frente ao computador hoje em dia do que o tal do twitter. Entre uma nota e outra que publico no online, depois da cotação do dólar ou antes do pregão da Bovespa, lá estou eu ligado no twitter. Funciona meio que como uma válvula de escape ou uma janela para o mundo, onde posso me expressar (em no máximo 140 caracteres, é verdade!), me comunicar, trocar ideias, pensamentos, discordar, reclamar. Sei lá. Só sei que ainda estou meio que descobrindo essa ferramenta e a arte de ser sucinto com as palavras.

Lembro que dia desses, na casa de um amigo, rolou um papo a respeito dessas redes sociais e sua utilidade. Dos cinco amigos reunidos, só eu e o dono da casa éramos usuários das tais redes. De carteirinha, diga-se de passagem. Para ser sincero, acho que todos tinham lá seus orkuts e facebooks, porém, devidamente abandonados.

_ Não me sobra tempo, foi o que disse uma amiga.

E eu acredito que seja falta de tempo, mesmo, afinal, ela faz doutorado e doutorado não deve ser moleza não. O marido desta amiga minha foi logo torcendo o nariz, como se fazer parte de uma dessas redes fosse a coisa mais esquisita do mundo. Mas ele é um cara antenado, inteligente, descolado. Está perdodado. A outra amiga é mãe de uma menina de 2 anos e acabou de se mudar pra Salvador depois de quase 20 anos trabalhando duro na redação de um jornal diário aqui no Rio. Tem orkut que eu sei. Facebook também. Twitter acho que não, mas volta e meia nos falamos via google talk. Ou seja: está na rede. Porque o importante é não deixar esse movimento _ que vem trazendo uma nova maneira de se comunicar com o mundo _, passar. É preciso embarcar junto nesta e fazer parte desta revolução. Caso contrário, é como se você perdesse a viagem. Pelo menos na minha concepção.

Uma das viagens do twitter é justamente ser um espaço democrático para você se expressar seja lá como for. Tudo bem que volta e meia surgem uns seguidores meio indesejáveis (sempre tive grilos com gente me seguindo), tipo o Governo do estado que resolveu me seguir sejá lá pra quê. Se o seu Cabral vai começar a me vigiar, vai perder seu tempo porque de besta eu não tenho nada (ou quase nada) e nunca, nunquinha, vou postar alguma coisa que possa me comprometer. Mas, quer saber? Já andei reclamando do governo por lá. É meu direito de cidadão e, além do mais, esta semana mesmo vi uma entrevista do general Newton Cruz, o temível, onde ele afirmava que o Brasil vive uma democracia e nada pode mudar isso. Se ele, um ícone dos anos da ditadura, disse isso, é sinal de que eu posso respirar aliviado e continuar tuitando sem me estressar.

E tem gente que quando se estressa vai tuitar. É melhor do que socar a mesa, por exemplo. Acho que foi o caso de um amigo meu hoje cedo que, ao ler a crônica do Arnaldo Jabor no Segundo Caderno, ao invés de esbravejar ou amassar o jornal, foi para a rede e chamou os pobres e inocentes pais do cineasta/dublê de cronista de ignorantes. Tudo porque se sentiu ofendido com a frase "como ensinar a população ignorante que só um choque democrático e empresarial pode enxugar a máquina podre das oligarquias enquistadas do estado?". Ele vai votar no Lula, quero dizer, na Dilma, claro. E me parece que vai votar sem pensar, o que me causa muito estranhamento, já que este meu amigo de burro não tem nada. Muito pelo contrário. Sempre foi contestador, bem informado, culto. Mas foi pego por um sentimento que eu nem sei bem qual é, mas que me fez lembrar meu avô materno e seu amor incondicional a Getúlio Vargas, o pai dos pobres. Já prometi a ele uma foto do Lula com a faixa presidencial. Se bem que não duvido nada que ele já tenha arrumado uma.

Do Jabor eu curto os filmes Tudo Bem _ com a Fernandona_, e Eu sei que vou te amar _ com a Fernandinha. Do Lula eu confesso que gosto de algumas coisas também. Sempre gostei. Mas com mais fidelidade e dedicação. Até porque eu me dei conta de que ele não é tão fiel assim àqueles ideais que defendia antes de subir a rampa do Planalto. Basta vermos as incansáveis vezes em que ele, que um dia já se confundiu com a ética e com a moral, se mostrou omisso. E, por que não, leviano? Hoje já consigo me imaginar votando num José Serra, por exemplo. Principalmente porque sei que o governo FHC, dos tucanos, foi um governo que marcou positivamente a vida dos brasileiros. Foi ali, com Fernando Henrique, com o fortalecimento da nossa moeda e da nossa economia, que o nosso País começou a trilhar um outro caminho. Portanto, eu não posso ser injusto nem ingênuo e embarcar numa guerra de nós contra eles. Porque o Brasil é um só, mesmo que múltiplo em suas culturas. Não dá para apagar um passado e achar que só existe Brasil depois de 2002. Isso não é verdade. Quem pensa assim está sendo ignorante.

Ou não é ignorância apoiar políticos como Garotinho? Ou não é ignorância desrespeitar e debochar da legislação eleitoral, que proíbe campanhas fora de hora? Ou não é ignorância espalhar boatos de que um provável governo do PSDB acabaria com o programa Bolsa Família? Ou não é ignorância um Estado governado por sindicalistas deslumbrados com as mamatas do poder? Mas acho que o Jabor _ por quem eu nem nutro tanta admiração assim, repito _, não se referia a este tipo de ignorância, mas àquela em que falta o conhecimento. E daí para gerar mal entendidos, é um pulo. Tal e qual aconteceu com meu amigo, que de ignorante não tem nada.