terça-feira, 21 de maio de 2019

Ecos

Há muitos versos guardados em mim, escondidos nesse emaranhado eu que eu mesmo desconheço, disfarçados entre tantos gritos presos em nós nessa minha garganta que se afoga em rimas complexas. Amplificadores de amores desfeitos, espelhos meus, meus reflexos. 

Já não consigo mais me ver por inteiro, não lembro mais como eu era antes, fragmentos. 

Deixo para depois os conselhos que meus eus cismam em me dar e paro para ver de perto toda essa minha loucura. Olhos bem abertos e ao redor tudo é barbárie. Pesadelo coletivo. É nele que estou preso agora. 

É só meu corpo, eu penso. 

É só mais um contorno mal rabiscado, pele, poros, órgãos, fronteiras entre mim e aqueles que me habitam. Sou um, eu sei. Mas junto a mim, outros tantos diante dos abismos. 

Ouço vozes. As de sempre, muito embora eu nunca saiba de onde elas vêm. Elas falam comigo incessantemente. Sussurram meu nome. Ecos. Eu sigo em frente. 

Tenho andado mesmo muito calado ultimamente.