Um choro de alívio incontido tem se abatido sobre mim esses dias.
É choro de alegria, que cai feito tempestade, dilúvio da minha alma, cântaros d'água lavando as dores que cismaram em derramar do meu peito aberto e veem chegar mais perto as faces de um outro eu.
Já foi tudo mais confuso, lembra?
O mundo sempre foi esse transe, agora eu sei e, não faz muito tempo, me ensinaram a dançar.
Dois pra lá, dois pra cá, passos precisos, coreografados, milimetricamente ensaiados para essa estreia nossa de cada dia.
Ouço música. O tempo inteiro ouço música. A vida de todo mundo tem uma trilha sonora, acredite, baby, eu sei que é assim.
A minha tem mais de uma, confesso.
Recebo, então, a notícia de que morreu Gal Costa e ali, mesmo que por um instante, muita coisa silenciou em mim.
Porque o canto é o verbo em toada, nossa vida é breve, sua voz sagrada.
Choro.
Alívio.
Esses dias têm sido assim.