sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Lume

Há que se encantar pela vida.
Ficar de pé, seguir em frente,
ser mais um elo nessa corrente,
firmar na luz que vem do candeeiro. 
O resto é o tempo, é movimento,
lento, brisa, vendaval.

Faz tua espiral girar bem alto
e transforma tudo ao teu redor.
Seja a voz suave que sopra em boa hora,
a mudança que vem de dentro pra fora,
a alegria simples que inspira um verso, 
um gesto, um grito de despertar.

É aqui neste momento entre a queda e o salto, 
no limiar infinito do espaço,
num breve ocaso do céu.
Aqui, onde não é o começo
e onde ainda não teve fim,
onde deves acreditar, dizer que sim. 

Pois não duvides, tu és o lume,
és o guia na estrada rumo ao Norte,
lá tem gente que, por sorte, ainda está a te esperar.
És o sol que brilha, és toda essa maravilha,
és teu próprio milagre, a testemunha viva. 
Há que se encantar pela vida.


quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Fica

Ainda há pouco eu te disse: fica.
Deita do meu lado e acredita.
Ouve as batidas. É meu coração.

Barulho de chuva no Cerrado
e a água que cai, arrastando semente,
no barro vermelho onde brota a vida.

Sou sujeito fértil nessa cidade sem esquinas,
escrevo frases sem sentido na minha pele,
penso em versos com minha língua na tua boca,
meu gozo é manso, a voz é rouca,
me dá tua mão que eu sou poesia.

Lá fora, céu nublado.
Aqui, verbo intransitivo.