domingo, 29 de abril de 2018

Amais-vos, porra!

O mundo acabou, a humanidade é que ainda não se deu conta disso. Afirmo isso talvez porque volta e meia penso que sejamos uma raça alienada, atrasada e destinada a exterminar nossa própria espécie. Somos cegos, alguns se fazem de surdos e outros tantos de mudos. Assim somos nós, os humanos, voltados para os nossos próprios umbigos. Não faz muito tempo e eu ouvi de uma pessoa próxima que pouco importava o que se passava com o outro. Importante, para ele, era o seu bem-estar e o bem-estar da sua família. O resto era o resto, não lhe interessava. 

Eu, que sou por muitos considerado esquerdopata, comunista, pró-direitos humanos, louco, entre tantos outros impropérios, só conseguia olhar para aquela pessoa e pensar em como o egoísmo e a falta de cuidado com o outro são atitudes nocivas ao ser humano e, consequentemente, ao nosso planeta. Todas essas guerras, todo esse discurso de nós contra eles, toda essa divisão imposta pelo sistema gera desigualdade, que gera ódio, tristeza, pobreza, atraso, miséria, caos e fim. E é isso tudo o que estamos vendo com os nossos próprios olhos por aí, não é mesmo?  

Perceba que isso não é privilégio nosso, do povo brasileiro. A situação é grave em todo o planeta, cada povo com as suas mazelas. Sejam elas de cunho material ou moral. Ou ambos, o que acho ainda mais grave. Acontece lá, imediatamente a gente sabe aqui e muitas vezes vamos juntos inconscientemente num mesmo movimento (quem não lembra da Primavera Árabe que chegou aqui nas manifestações de 2013?). Tudo isso agora, num mundo cada vez mais globalizado, com todas essas facilidades tecnológicas da atualidade ao nosso alcance, nos aproximando mais uns dos outros e ao mesmo tempo nos afastando, nos deixando cada vez mais sozinhos, ilhados nas nossas bolhas. 

Preocupante, eu acho.

Hoje tudo é para ontem. Se não for para ser agora, já não presta mais. Imediatismo. Respostas rasas. Pouco tempo para um aprofundamento em seja lá qual assunto for. Ninguém mais lê nada que não tenha mais de dois parágrafos, não se concentra em nada por mais de dois minutos, as relações não fluem, pais não veem os filhos, os afetos se resumem a emoticons em mensagens via redes sociais. É tudo muito rarefeito, escapa pelas nossas mãos. E o cenário parece ainda mais assustador quando esfregam na nossa cara que a maior concentração de renda fica nas mãos de poucos, muito poucos, por pura ganância e egoísmo mesmo, e daí? Exploração total e absoluta. A consequência? Essa realidade atual e cada vez mais impactante para nós, brasileiros, e para nós, raça humana. 

Como eu disse lá em cima, o mundo acabou. Mas é verdade também que podemos tentar criar um mundo diferente e a hora para um levante é agora. Não dá mais para esperarmos. Não é preciso pegar em armas. Não vamos cair no discurso do lado negro da força e alimentar ainda mais o ódio e a violência. Nada disso! Precisamos deixar esses sentimentos ruins se diluírem por si só e pronto. Nossas armas são outras. Nossas armas são o conhecimento, o respeito, o empoderamento, o cuidado com o outro, a igualdade de direitos e o amor. A revolução que a humanidade precisa agora não é mais a revolução cognitiva, dessa já tomamos consciência. A hora é da Revolução do coração. 

Amais-vos, porra!


domingo, 15 de abril de 2018

Verbo intransigente

Cada vez que meu coração esvazia
uma estrela se apaga no céu,
é meia-noite invadindo o meio-dia,
raios, trovões, ventania,
um peso no peito,
é essa agonia.

Cada vez que meu coração esvazia
tudo ao redor escurece,
o sol meio que desaparece,
não tem luz de fim de tarde,
não tem luz no fim do túnel,
cegueira, poeira, pó.

Cada vez que meu coração esvazia
um sorriso vira lágrima em algum lugar,
chora o grande, chora o pequeno,
o antídoto é o mesmo que o veneno,
todo mundo junto de novo - eu, tu, ele,
conjugando o verbo intransigente:

amar.









sexta-feira, 13 de abril de 2018

Porto solidão

Carrego o mar em mim.
Sou maré cheia, correnteza,
onda brincando na areia,
água salgada, arrebentação.

Banho meu corpo em oceanos profundos,
nesses, onde o amor é mais bonito,
lá fora horizonte infinito, e eu ali,
ainda menino, aprendendo a nadar.

Porto solidão