sábado, 10 de dezembro de 2011

Porque tudo se acaba

Se eu pudesse escrever sobre mim agora, no que penso e vivo exatamente neste momento, ou se eu tivesse o poder de me expressar como fazem os literatos, eu tudo contaria. Mas desconfio que não teria tamanha capacidade nem talento para fazer com que o que eu pense ou diga ou faça seja entendido por quem porventura lesse tal texto. Talvez eu viesse a ser mal interpretado e ficasse suscetível a análises e julgamentos rasos daqueles que acreditam que existe uma fórmula para viver e que a vida nada mais é que uma equação racional. Pode ser até que eles estejam certos, já que creem ser assim, mas eu não creio. Não que eu suponha que a vida para eles seja simples ou rasteira porque sei que não é. Ela pode até ser uma equação, porém irracional e no sentido literal da palavra, ou seja, desprovida de razão. Portanto, nem eu nem eles nem ninguém têm razão. E só o simples fato de eu perceber tamanha irracionalidade na vida me deixa cada vez mais preso à ideia de que não tenho amarras. Eu, longe de qualquer razão, sou livre.



Andei relendo Nietzsche e toda aquela soberba, toda aquela autoconfiança, todo aquele discurso existencialista fizeram com que eu me descobrisse ainda mais inteligente do que eu acreditava ser. Assim como o filófoso alemão, eu sei que sou um ser superior, que tenho dentro de mim todo um potencial infinito de transformação, de criação e de sabedoria. E quando digo que sou um ser superior, não é por falta de humildade ou qualquer coisa que o valha. É por uma simples constatação mesmo. E isso não me torna uma pessoa diferente de ninguém, não faz com que eu mude meus hábitos ou me considere num patamar acima de quem quer que seja. Não é isso. Mas é justamente por ter esta consciência que me diferencio. E me diferencio de mim mesmo, como se eu soubesse onde termina e onde começa aquele que é o outro em mim. Porque na verdade, a diferença maior é com aquele outro eu que eu era há poucos segundos e que eu sequer cheguei a conhecer muito bem. Nem ninguém.



Não sei quantos eu já fui e muito me assusta saber quanto tempo eu perdi tentando ser outros tantos que eu jamais seria. Assim como me assusta saber que mesmo sendo irracional e por este motivo, livre, a vida me impõe alguns limites. Logo eu, que tanto prezo o infinito das coisas, me vejo limitado a um só corpo, preso entre braços e pernas e movimentos lentos e por vezes até coreografados, ensaiados, meio que repetidos à exaustão. Porque mesmo que eu abra bem meus olhos e exercite todo o poder da minha visão, jamais enxergaria nitidamente o que a vida poderia me mostrar em sua plenitude. Daí que me sinto cego, impotente, fraco, humano demais. Mas se fecho meus olhos, aí sim, me enxergo de verdade. É quando vejo o que há de mais bonito e então encontro um amor sem limites, uma vontade sem tamanho, uma alegria imensa que supera a dor de me saber único e solto num ciclo ininterrupto mesmo que lá fora tudo se acabe.




Há um ser infinito dentro de mim.

Um comentário:

  1. mto bom meu camarada, interessante como teu texto foi evoluindo e criando raizes profundas no decorrer desses anos de blog. parabéns. abx e que venha 2012...lembrei mto as nossas divagações em 2008...

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