Há anos existe um outro dentro de mim me contando coisas. Este outro praticamente não para de falar um só instante. Enche meus ouvidos. Me dá umas ideias. Volta e meia me vem com uma frase pronta, quase que um verso. Já aconteceu de me soprar um poema inteirinho, estrofe por estrofe, e eu sem ter onde anotar. Isso mais de uma vez. Quando cisma, me diz as coisas aos poucos, como se preparasse o terreno. E de uma maneira ou de outra eu sempre paro para escutar o que este outro tem a me dizer. Confesso que me surpreendo a cada dia. Me emociono até.
Não raro não consigo ouvir muito bem o que ele me fala. O mundo é muito barulhento e está cada vez mais difícil ficar em silêncio para poder ouvir aquilo que o outro tem a nos dizer. Entenda como este outro aquele que está dentro de nós. É difícil, eu sei. Talvez a tarefa mais difícil de nossa existência. Lembro que há uns 17 anos eu tomei ayhuasca, numa cerimônia do Santo Daime. Naquela noite, aos pés da Floresta da Tijuca, eu tive uma das experiências mais marcantes da minha vida.
Não raro não consigo ouvir muito bem o que ele me fala. O mundo é muito barulhento e está cada vez mais difícil ficar em silêncio para poder ouvir aquilo que o outro tem a nos dizer. Entenda como este outro aquele que está dentro de nós. É difícil, eu sei. Talvez a tarefa mais difícil de nossa existência. Lembro que há uns 17 anos eu tomei ayhuasca, numa cerimônia do Santo Daime. Naquela noite, aos pés da Floresta da Tijuca, eu tive uma das experiências mais marcantes da minha vida.
Depois de beber o chá e de cantar uns hinos, o corpo meio que se anestesiou e era como se eu fizesse parte de uma outra vibração. Como se eu pudesse realmente ver um universo paralelo. Ver e sentir. O frio virara calor. Não havia o tempo. E a respiração era longa, tranquila, serena. Quase imperceptível. O mundo ficara lá fora.
- Que louco, você deve estar pensando.
O silêncio entre um hino e outro era o sinal para que eu megulhasse mais profundo naquilo que eu desconhecia. Naquela noite - tenho certeza absoluta - fui apresentado a mim mesmo e a tudo àquilo que eu entendo até hoje como infinito. Não tive medo pelo simples fato de eu poder abrir os olhos e, ao abrir os olhos, me dava conta do quanto nosso mundo externo é limitado. Ou o tanto que ele nos impõe de limites. Enquanto que ao fechar os olhos um mundo de possibilidades se abria. Parece antagônico. E é. Mas desde então tem alguém me dizendo que a mágica talvez esteja em olhar para fora sem deixar de olhar para dentro.
Caso contrário, eu me perco.
Meu Deus, que texto lindoooo!!! Acho que fui eu que escrevi!! (rsrsrs)
ResponderExcluirVc sabe que tbm tenho sempre essa pessoa dentro de mim me contando fatos, casos, histórias, e num esforço louco, me concentro para que eles não se percam. Acho que preciso dessa bebida pra me ajudar a encontrar meu espelho interno. Obrigada pelas palavras e como acabei de chegar de São Vicente, vc é demais da conta sô!! Bjs. Fê.
Não posso deixar de dizer que o seu texto é maravilhoso e me comoveu muito!
ResponderExcluirParabéns! Vc disse a pura verdade!
Um abraço, Paolla.
Márcio, que maravilha de texto! É assustador e ao mesmo tempo real. É a procura do eu interior e a certeza de que ele já existe. Estou me encontrando com a vida através do blog da Fê, que vc tanto incentivou. Fui na onda! Hoje, aprendi a me expor,com diz Rogério, mas sem "grilos", sem vegonha, sem arrependimentos. É uma liberdade que há muito desejava. Bjs e grata por ter aberto o caminho. ops; diario de uma boneca, uai!
ResponderExcluirQue lindo texto! Assustador e real ao mesmo tempo. É o encontro do eu que já está dentro de nós. Incentivando Fê a fazer um blog, vc arrastou mais Villelas para expôr seus sentimentos, suas saudades, suas emoções. Sei que é difícil, mas tentarei seguir vcs, meus mestres. Bjs Isa
ResponderExcluirMuito louco mesmo!!! Que bom que a sua experiência no Daime foi legal...
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