Ainda que eu não me salvasse, ainda que eu não resistisse, seria como se no fundo eu soubesse que algo em mim jamais se esvaía.
Feito o sol se pondo lá fora com a certeza de voltar no outro dia junto às nuvens que bailam no céu coreografias que somem com o tempo.
É ventania.
Dia desses sonhei com o mar avançando sobre as calçadas da cidade nua e toda aquela água salgada limpava meu corpo castigado e que também estava nu. Tudo em mim ardia.
Como em todos os outros sonhos, mais uma vez eu estava só.
Tinha os pés enterrados na areia, mãos apontando as estrelas, olhos refletindo
as ondas em gestos contidos, e o pranto do arrebatamento sacudindo meu peito em silêncio, de um jeito que eu nunca soube explicar.
É porque trago em mim outras preces, outras rezas, outras crenças.
Eu transformo dor em poesia.
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