quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Litoral

Feito árvore, que dança com o vento ante a muralha de pedra, ali em frente, tronco firme, raiz forte, o sopro que vem do Norte, galhos a abraçar o céu vermelho, pincelado do barro de quem pisa a terra, bato no ritmo acelerado os meus pés descalços nesse chão.

É dia.

Nos arredores ainda há silêncio e, por sorte, eu acabo de chegar, vindo sabe-se lá de onde, tanto tempo andando que eu até já me esqueci.
O ar é seco, a linha é reta, não existe palavra certa e determinadas coisas não quero mesmo mais lembrar. Outras tantas gosto de saber que vieram comigo até aqui, acompanhando a correnteza desse rio que é a vida.

A minha.

Ontem, antes deles aparecerem, me fiz pedra de limo verde mais uma vez, que era para ficar parado e deixar o rio passar. Eles se foram, enfim.
Hoje, de novo sozinho, pouco antes da hora de voltar, saltei dessa pedra e desaguei no mar, visitei meus oceanos sempre tão profundos, nadei o quanto pude, até me espalhar nas ondas de espumas brancas que brincavam nas areias grossas do seu corpo, terra à vista, litoral.

Logo ali em frente, a árvore dançava com o vento ante a muralha de pedra.





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