Todo poeta é um mistério
e eu também tenho cá as minhas questões profundas:
sou subsolo, sou santuário,
sou um misto de palavras desenterradas à boca do estômago.
E me pergunto, então, por que às vezes minha poesia é como vômito?
Estrofe por estrofe, verso por verso, rima por rima,
é a poesia quem rasga minhas entranhas e se expõe,
se traduz e se apodera do ritmo vacilante que outrora havia em minhas mãos.
Faz-se a mágica e com ela surge o lado íntimo que se abre na fissura,
rasga feito a fenda, escorrega, ri, brinca,
navega contra a corrente e deixa de lado toda e qualquer razão.
Todo poeta é um laço
e eu gosto mesmo é dos abraços daqueles que se fazem poetas:
os que inventam, os que criam,
os que vivem soltos e deixam correr livre a imaginação.
Onde estão eles?
Onde eles estão que não aqui na harmonia breve das minhas ideias?
Porque o tempo dos poetas é lírico, eu sei,
e se eterniza no silêncio leve da madrugada,
quando a melodia invade a nossa alma
e tudo ao redor se transforma em canção.
Não há barulho lá fora, eu não falo nada
e já não enxergo mesmo muito bem.
Aqui dentro de mim o céu.
Todo poeta é infinito.
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