Guardo em minha boca um misto de amargo e de silêncio,
do vício que me cala entre os segredos,
moído no pó que me transforma
e me espalha pelas bordas e me leva embora daqui.
Voando entre panos e cordas coloridas
Há um coração que bate para lá e para cá num trapézio.
Pulsa pendurado aqui e ali.
Sobe e desce sozinho no balé ritmado pelo arfar exagerado que vem do seu peito.
Coreografia improvisada nos ares onde ainda vejo seu corpo
a girar e a desenrolar os tecidos que lhe roçam a pele.
É tudo imaginação, eu penso.
Então, respiro.
Até que aquilo se desfaça no vento quente que sai de minhas narinas,
entre mucosas e o suor azedo dos meus poros,
que molham os parangolés que eu nunca conheci.
Paro. Expiro.
Sopro. Transpiro.
Danço. Solto. Só.
Entre panos e cordas coloridas.
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