quinta-feira, 7 de junho de 2012

Calendário

Passa o tempo, passa.
Corre e avança sobre minhas ladeiras.
Marca transparentemente em minha pele os dias
E deixa voar páginas soltas em meu calendário.
Ando mesmo perdido nas horas.

Chego sempre atrasado.
Subo os degraus lentamente desde que tudo se foi.
Esqueço o que fui.
Não sei o que sou.
O que restou de mim, me diz?

A menor parte.
A parte pequena.
Os desejos miúdos.
A dança efêmera.
O ritmo feroz.

Tudo ficou para trás.
Como o trem que acabou de partir para longe,
Para outra estação, onde as portas se abrem
E o entra e sai de gente estranha a me dizer:
Agora é nunca mais.

Logo eu, que queria tudo para sempre.
Insistentemente eu pedia.
Implorava despudoradamente.
Como se eu soubesse que tudo aquilo urgia.
Mas ele se foi e preferiu não saber.

E eu aqui, a cronometrar-me em segundos.
Uma bomba-relógio prestes a deixar de existir.
A acertar os ponteiros do pouco que me resta.
E eu nem sei bem quanto.
Quase nenhum.

Sou mesmo um homem sem tempo.

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