terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Eis aqui a minha palavra

A palavra é o meu reflexo,
o meu espelho.

É nela que se vê em mim o que há de mais nítido.

Na palavra eu me revelo,
Junto as frases, rimo um verso.
Simplifico o que pode ser complexo,
Traduzo, me explico, converso e troco.

A palavra me conquista.
Grifa rascunhos em mim.
Grava em meu peito escritos de sorte,
Feito tatuagem colorida,
Que alegra e cicatriza
O couro forte da minha própria pele.

Sou página em branco.
Um caderno sem pauta.
Letra morta enterrada entre parêntesis.
Uma espécie de aposto perdido nas vírgulas.

Sem nexo ou adjetivos nem verbetes que eu possa decifrar.

É na palavra que eu me mostro
Quando permito interpretar meu texto.
Folheio-me.
Leio-me.
Deleito-me.

Satisfaço meus hiatos,
Procuro sinônimos nas minhas entrelinhas,
Vou de encontro ao vocálico
Construindo monossilabicamente meus parágrafos
Até o ponto final.

Só então eu viro a página.

Um comentário: