sexta-feira, 25 de novembro de 2011

cego surdo mudo

é como se a imagem fosse desfocando aos poucos
desaparecendo contra a minha vontade
sumindo do meu campo de visão
para sempre.

feito a água que evapora com o calor
ou o barco que se deixa levar no horizonte
sobre as ondas que ainda escorrem em minhas mãos
e o sal que eu limpo em minha pele

Lentamente.

se eu pudesse doutrinar o vento
confiaria a ele a minha voz
um novo canto ele sopraria
estancaria então meu pranto

se eu fizesse do vermelho o branco
pintaria as nuvens de aquarela escarlate
desenharia o leite derramado
entre seios e braços numa tela qualquer

Displicentemente.

faço então só o rascunho
o traço rabiscado na parede
quadro negro onde um dia o giz apaga
a imensidão do mar onde o meu amor se afoga

meus olhos náufragos já não o veem.
há muito que não lhe ouço.
carregou com ele as tintas, os versos e algumas tantas palavras.
foi então que fiquei mudo.

Conscientemente.

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