sábado, 24 de setembro de 2011

eco ou "para ler repetidas vezes"

E se viesse a poesia que eu tanto espero
nem sei se saberia escrevê-la
sequer talvez nem pudesse percebê-la
eu me ocupo demais com besteira.
bobagens

Pode ser que esta poesia nem chegue
feito a carta que se escreve e se deixa perder no caminho
feito a água que corre sobre o limo das pedras no riacho
e se acomoda quando chega na represa.
triste destino

Talvez sejam apenas pequenos versos tímidos
mínimos detalhes, até mesmo despercebidos,
destes que a gente olha mas não vê
porque se escondem
por quê?

Mas quem sabe sejam versos quentes,
como os dos amantes que se deixam levar por um sopro na nuca
e se rendem ao contato da carne, esfregando a pele na pele,
chupando as entranhas na dança dos corpos.
rima profana

E se forem versos sagrados, imaculados,
destes que falam de Deus, que contêm a verdade da vida,
com mensagens de esperança e a certeza de um novo dia
eu acho que não seriam versos.
homilia.

Às vezes é só uma frase que não sai da cabeça,
uma oração sem sujeito, um verbo sem sentido
palavra por palavra martelando soltas no ar
corrente de vento que repete sempre os mesmos versos.
feito eco.

Um comentário: