quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Entre músicas, gravuras e poesias


"As luzes do quarto continuavam acesas enquanto as palavras se despiam. Nuas. Sobre a cama, uma faixa de seda estendida. Entre as mãos, um cheiro suave impregnava tudo. Ao redor. De mim, a delicadeza que nunca encontrei. Nunca. Sequer. Jamais procurei algo assim. Ao redor de mim.
Nem sei onde ficava aquele quarto. Como um quadro torto na parede que eu cismei de ajeitar e nunca mais voltei a perceber. Como a sombra acompanhando tudo eu me encontrava ali. De pé. À espreita, a espiar, sem entender. Bastava ver para querer saber como é que é.
Ela permanecia intacta como se nada ou ninguém pudesse interferir. Ferir como só as mulheres sabem. Sonhar como só os mais ingênuos fazem. Deitar e rolar e sentir que é só deixar e ser feliz. Como da primeira vez eu também me permiti o doce gosto do mel da vida. E para não perder nenhum detalhe foi que eu deixei as luzes do quarto bem acesas.

Até que ela resolvesse apagá-las. Mas eu continuaria ali."

A ilustração deste post é uma gravura de Ray Caesar.
Não conhecia o cara. Conheci através de um blog (http://www.voubuscarocarrasco.blogspot.com/) do qual virei seguidor.
Foi a música do site (http://www.raycaesar.com/) que me inspirou a escrever o que acabo de postar. E, confesso, estava com saudades de experimentar poesias e de escrever no meu blog. Há mais de uma semana não vinha aqui.

Um comentário:

  1. Impressionante. O cara é muuuuito bom. Inspirador. Vou divulgar no meu blog também.

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