terça-feira, 16 de junho de 2009

A cruz de malta é o meu pendão!


Eu nunca fui fã de futebol. Quando pequeno cheguei a arriscar algumas jogadas com o time da rua, mas eu acabava no gol e o medo de levar uma bolada na cara interrompeu minha carreira precocemente, por volta dos 12 anos, eu creio. Acabei mergulhando nos livros, nos filmes e nos braços de algumas namoradas, pois se por um lado eu não tinha talento para ser craque de futebol, por outro lado até que eu me entendia muito bem com o sexo oposto. Minha primeira namoradinha tinha 2 anos a mais que eu, era a cobiçada pelos mais velhos da rua, vivia de shortinho e com as pernocas de fora. Seu nome? Bernadete. Isso mesmo e com todas as rimas a que tinha direito! Lembro que algumas mães ficavam meio apavoradas com o nosso namoro, que consideravam avançado demais. Confesso que eu não estava nem aí para o que elas pensavam ou deixavam de pensar.
Mas o papo aqui não é sobre namoro e, sim, sobre futebol. Dos 12 aos 20 anos eu só torcia em época de Copa do Mundo. Acho que torcia muito mais por conta da farra que fazíamos do que propriamente pela seleção, até porque, só fui ver a seleção brasileira voltar a ser campeã quando eu já tinha 25 anos, na Copa de 94. Antes, só em 1970, mas nem conta, já que eu acabara de completar 1 ano de idade e de certo que não lembro de nada. Só que aos 20 anos fui pai pela primeira vez _ não disse lá em cima que eu tinha talento com o sexo oposto? _ e de um menino, o Kaê, que antes mesmo de completar um aninho já sabia falar vasco. Juro! V A S C O. Assim, com todas as letras. Lembro que eu estava na varanda da casa dos meus ex-sogros e seu Celso, o avô, com meu filho no colo, quando do nada ele solta o verbo e diz "vasco" para quem quiser ouvir. Eu ouvi, a mãe ouviu, a avó ouviu e o avô parecia não acreditar no que tinha acabado de ouvir também. Tenho a impressão que foi ali que começou meu gosto por futebol. Que não é muito, diga-se de passagem.
Desde então eu sofro pelo Vasco da Gama, o gigante da colina. Se até os meus 20 anos eu estive no maraca umas poucas vezes, depois que o Kaê começou a andar eu já perdi a conta de quantos jogos assisti. Arquibancadas, cadeiras especiais, tribunas, cadeiras azuis... só faltou ir de geral. Lembro que uma vez, esta mais recente, fui parar no meio da Torcida Jovem com meu filho cantando todos os hinos em alto e bom som. Se ele pulava eu tinha que pular também; se ele sentava eu tinha que sentar também; se ele vibrava, eu vibrava com ele. Tudo isso no meio de uma massa enfurecida de jovens fanáticos por futebol entoando gritos de guerra numa espécie de catarse louca. Mas que não deixava de ser bonita e empolgante, confesso. Mas confesso também que eu era um peixe fora dágua ali no meio daquela gente toda.
De outra vez, isso há mais tempo, fui parar no estádio de São Januário, em São Cristóvão. O Vasco encarava o Santos. Estádio lotado. Nervos à flor da pele. Torcidas em pé de guerra. Até que a porrada estancou. Um corre-corre, uma gritaria, uma verdeira confusão. E eu ali com o meu filho que na época devia ter no máximo uns 6 anos. Parado estava e parado fiquei, só que me transformei num muro de proteção para que nada ou ninguém esbarrasse no moleque. Ao redor a briga era generalizada e eu só lembro do Kaê me dizendo "isso não é jogo, papai, isso é porrada!". Não lembro quanto tempo a polícia demorou para controlar a briga e nem qual foi o resultado do jogo, mas lembro que eu pensava que eu não precisava passar por aquilo. Mas já passou...
Também estive na reabertura do Maracanã depois das reformas. O Vasco ia encarar o Botafogo. Era domingo e eu estava em Ipanema, na casa da minha cunhada. Kaê queria porque queria assistir ao jogo e eu, no meu papel de pai, baixei no Maracanã. Um calor infernal. Gente por todos os lados. Ingressos esgotados até mesmo nas mãos dos cambistas. Voltamos pra casa meio frustrados. Eu, sem camisa, e do outro lado da rua um engraçadinho me chamando de Toni Ramos. Sou peludo mesmo, e daí?
Teve ainda uma final com o Fluminense que perdemos nos pênaltis e foi de matar; teve o milésimo gol do Romário que ele não marcava nunca; as vezes em que fomos vice; as que fomos campeões; a primeira vez que levamos Théo e Ravi, os pequenos, ao Maracanã e as outras vezes em que vimos os jogos em casa. De certo que o Vasco da Gama é o time do coração do meu filho mais velho e o amor que ele tem por este time contagiou toda a família, pois eu hoje, aos 40 anos, torço que nem criança quando vejo a cruz de malta em campo. Típico caso em que o pai é influenciado pelo filho. Ainda bem.

9 comentários:

  1. Márcio, adorei o texto parabéns!
    saudades de vcs e daqueloa correria custodiana.
    bjss

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  2. AHHHHHHH Márcio!!!! Esse post foi de chorar....
    Eu me emociono mt c tudo ligado ao Vasco, por causa do papai.O Vasco p ele era mt importante, e isso de certa forma, ficou em vc pelo Kaê!!!!!!
    Então seria o VASCO uma herança...?

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  3. é pai,sempre soube q no fundo vc gostava de ir ao maracanã!!! rs

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  4. é Marcio, sempre soube que no fundo vc gostava de ser chamado de peludo!!!rs
    Peludo, peludo, peludo, peludo ...

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  5. Agora sou eu q vou ao maraca e a SJ sofrer com ele! uahauhauhauahuah

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  6. Maravilhoso seu post! Muito pelo tema escolhido, meu Vasco incrível, mas também pela sua "dança" com as palavras. Adorei! Passarei aqui sempre que eu lembrar!!! Beijossssssssssss

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  7. Maravilhoso seu post!!!!!
    Muito pelo tema escolhido, meu Vasco incrível, mas também pela sua "dança com as palavras.
    Adorei!
    Passarei aqui sempre que lembrar!
    Beijosssssssssss

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  8. Paradoxo é : um texto de primeira para um time de segunda. MEEEEENGOOOOOOO!

    Saudade, Raulzito.

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  9. você só é vascaíno perto do seu filho mesmo. Lá na campanha quando te liguei para avisar que o goleiro do bacalhau tinha sido expulso e que o Animal ia para o gol, você riu (se bem que era engraçado mesmo).
    Quando o Vasco finalmente caiu, você riu (se bem que era engraçado mesmo).

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