Quando eu era pequeno eu era mau. Lembro que na casa do meu avô materno tinha um quintal enorme e ele criava umas galinhas, uns patos e, se não me engano, rolaram uns gansos por lá também. Eu e outros primos volta e meia estávamos neste quintal comendo jaca, cajá-manga, carambolas, tamarindos, entre uma brincadeira e outra. Mas eu gostava de fazer arte. Eu era arteiro, como se dizia. Nunca mais esqueci da vez que eu dei sabão ao invés de milho para as tais galinhas do meu avô Hugo comerem. A cara daquelas galinhas esganiçando o pescoço cada vez que davam uma bicada na barra de sabão nunca me saiu da memória. Nem a bronca que levei do meu avô, que me deixou de castigo sem poder ir ao quintal.
Eu também gostava de matar peixinhos. É, peixinhos de aquário mesmo. Meu avô Hugo também tinha um aquário. E eu matei alguns peixinhos dele. Eu fazia assim: pegava uma colher de sobremesa, uma de cabo dourado de um faqueiro antigo da minha avó Aina, e ficava bem de frente pro aquário, tentando disfarçar. Quando não tinha ninguém perto, eu pegava a colher e encurralava um peixinho nela, tirando-o da água até que ele parasse de se debater. Era com a mesma colher que eu cavava a terra e enterrava todos eles no quintal. Lembro que gostava de dar esta mesma colher para minha prima Miriam na hora da sobremesa. Ela, claro, não sabia da matança dos peixinhos. Mas adorava o doce de abóbora que minha avó fazia.
Minha prima Mônica era cúmplice em algumas destas artes, só que ela sempre teve fama de menina comportada. A culpa era sempre minha. E na verdade, o mentor de quase tudo era eu mesmo, confesso. Uma vez eu inventei de fazer um biscoito fantástico, delicioso, que só eu tinha a receita e disse pra ela que ela ia experimentar o biscoito mais gostoso do mundo. Ela acreditou, claro, e lá fui eu pra cozinha mastigar dezenas de biscoitos maisena, regurgitar, fazer bolinhas com a massa mastigada, colocar no tabuleiro, polvilhar açúcar, levar ao forno e pronto! Literalmente saía do forno mais uma maldade minha. Só que esta era uma maldade deliciosa, que todo mundo gostava, não só a Mônica. Meu irmão salivava quando eu falava que tinha o tal biscoito; os olhos da minha mãe brivalham; eu também adorava aquele biscoito.
Hummm... acho que vou fazer este biscoito de novo qualquer dia só pra sentir de novo um pouco do gostinho da minha infância!
só espero q nunca tenha feito para mim!!!!
ResponderExcluirCaraca, Marcio, tive ataques de riso ao ler essa postagem! sensacional!
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