Eu nunca gostei de ir ao médico. Lembro que quando criança meus pais sempre me levavam a um tal de Dr. Manoel Bermazoni e eu não ia nada com a cara dele. Ficava apavorado quando tinha consulta porque sabia que dali não vinha boa coisa. Era um remedinho aqui outro ali, isso quando não cismava de receitar umas injeções, o que para mim era desesperador. Não sei como meus pais me aturavam, pois um simples colubiazol (spray para dores de garganta que acho que nem existe mais) me tirava do sério. Daí minha fama de difícil.
Tenho um tio português, o Afonso, que naquela época me parecia enorme, forte pacas e grosso feito um português, claro, que era o único que conseguia me segurar quando eu precisava tomar alguma injeção. Teve uma vez que consegui escapar das garras deste meu tio e corri feito um desembestado pela rua, como se estivesse fugindo da pior das desgraças e quase fui atropelado. Um drama. Minha avó gritava de um lado, minha mãe sem saber o que falar do outro, meu pai pálido e meu tio português doido pra me dar uma surra. Acabei tomando a tal injeção, não teve jeito.
Outra vez foi num quartel em que meu pai era comandante. Estava acontecendo uma campanha de vacinação e lá fui eu. Na certa me enganaram, caso contrário teria feito um escarcéu antes mesmo de entrar no carro. Até hoje está viva na minha memória a vergonha que fiz meu pai passar, pois chegando no quartel entramos logo numa fila repleta de crianças acompanhadas de seus pais. Eu deveria ter uns 6 anos, de bobo não tinha nada, e não demorou muito para eu começar a correr e dar olé em quem vinha atrás de mim. Foi um corre-corre danado e meu pai, comandante, com cara de tacho, sem saber o que fazer ou o que falar do filho apavorado por conta de uma agulhinha à toa. Não lembro quem conseguiu me segurar, só sei que tomei a tal injeção e voltei para casa como se nada tivesse acontecido e como se fazer escândalo fosse a coisa mais normal do mundo. Devo ter ouvido muito, levado muita bronca, aliás, porque não tenho mais lembranças de ter feito algo parecido. Se bem que até hoje não gosto de tomar injeção e quando sei que tenho um exame de sangue para fazer fico sem dormir. Dizem que é trauma. Mas de quê?
Ontem, para meu desespero, tive de fazer uma endoscopia digestiva. É que tenho andado com umas azias estranhas, uma sensação de vazio no estômago e uma tosse que, dizem, deve ser por conta de refluxo. Confesso que protelei o quanto pude, mas não escapei de fazer a tal endoscopia. Na semana passada fui ao médico e ele me exigiu o tal exame. Fui com meu pai, pois eles pedem que se vá acompanhado, pois nos colocam goela abaixo um calmante tipo mata leão, que é pra deixar a gente mansinho e sem coordenação motora quase nenhuma. E assim foi.
Cheguei na clínica antes das 10h, horário marcado para o exame. Eu estava calmo, em jejum e consciente que não poderia fazer nenhum escândalo. Afinal, já sou bem grandinho, pai de família, careca, barrigudo, peludo e coisa e tal. Tomei o tal mata leão e fui ficando grogue aos poucos, me escorando na parede do consultório e na barriga do meu pai até que me levaram para a antesala do exame. Lá estavam mais dois pacientes prostrados numas macas. Fiquei ao lado deles, esparramado e já sem entender muito bem o que estava acontecendo até que lá de dentro da sala onde os exames aconteciam comecei a ouvir uns grunhidos, uns engasgos. Era algo como ânsia de vômito misturado a tosse. Quem disse que eu consegui relaxar depois disso? Travei legal e fiquei mais atento que nunca.
Tenho um tio português, o Afonso, que naquela época me parecia enorme, forte pacas e grosso feito um português, claro, que era o único que conseguia me segurar quando eu precisava tomar alguma injeção. Teve uma vez que consegui escapar das garras deste meu tio e corri feito um desembestado pela rua, como se estivesse fugindo da pior das desgraças e quase fui atropelado. Um drama. Minha avó gritava de um lado, minha mãe sem saber o que falar do outro, meu pai pálido e meu tio português doido pra me dar uma surra. Acabei tomando a tal injeção, não teve jeito.
Outra vez foi num quartel em que meu pai era comandante. Estava acontecendo uma campanha de vacinação e lá fui eu. Na certa me enganaram, caso contrário teria feito um escarcéu antes mesmo de entrar no carro. Até hoje está viva na minha memória a vergonha que fiz meu pai passar, pois chegando no quartel entramos logo numa fila repleta de crianças acompanhadas de seus pais. Eu deveria ter uns 6 anos, de bobo não tinha nada, e não demorou muito para eu começar a correr e dar olé em quem vinha atrás de mim. Foi um corre-corre danado e meu pai, comandante, com cara de tacho, sem saber o que fazer ou o que falar do filho apavorado por conta de uma agulhinha à toa. Não lembro quem conseguiu me segurar, só sei que tomei a tal injeção e voltei para casa como se nada tivesse acontecido e como se fazer escândalo fosse a coisa mais normal do mundo. Devo ter ouvido muito, levado muita bronca, aliás, porque não tenho mais lembranças de ter feito algo parecido. Se bem que até hoje não gosto de tomar injeção e quando sei que tenho um exame de sangue para fazer fico sem dormir. Dizem que é trauma. Mas de quê?
Ontem, para meu desespero, tive de fazer uma endoscopia digestiva. É que tenho andado com umas azias estranhas, uma sensação de vazio no estômago e uma tosse que, dizem, deve ser por conta de refluxo. Confesso que protelei o quanto pude, mas não escapei de fazer a tal endoscopia. Na semana passada fui ao médico e ele me exigiu o tal exame. Fui com meu pai, pois eles pedem que se vá acompanhado, pois nos colocam goela abaixo um calmante tipo mata leão, que é pra deixar a gente mansinho e sem coordenação motora quase nenhuma. E assim foi.
Cheguei na clínica antes das 10h, horário marcado para o exame. Eu estava calmo, em jejum e consciente que não poderia fazer nenhum escândalo. Afinal, já sou bem grandinho, pai de família, careca, barrigudo, peludo e coisa e tal. Tomei o tal mata leão e fui ficando grogue aos poucos, me escorando na parede do consultório e na barriga do meu pai até que me levaram para a antesala do exame. Lá estavam mais dois pacientes prostrados numas macas. Fiquei ao lado deles, esparramado e já sem entender muito bem o que estava acontecendo até que lá de dentro da sala onde os exames aconteciam comecei a ouvir uns grunhidos, uns engasgos. Era algo como ânsia de vômito misturado a tosse. Quem disse que eu consegui relaxar depois disso? Travei legal e fiquei mais atento que nunca.
Veio a enfermeira e levou o rapaz ao meu lado, o mais novinho. Não sei se este entrou e saiu na boa ou se eu eu apaguei por alguns instantes, mas o certo é que não ouvi ele dar um pio. Depois foi a vez do mais gordinho. Êita cara escandaloso! Tossiu, reclamou, disse que queria ir embora dali. Quase chorou. E eu ouvindo tudo, me borrando de medo de quando a minha hora chegasse. E chegou. A tal enfermeira me pegou pelo braço e me colocou numa outra maca, desta vez na sala do exame. A médica, uma mulher grande, com cara de enfermeira alemã nos filmes de guerra, me virou de lado, abriu minha boca e tascou um jato de spray que me anestesiou da garganta pra baixo. Eu estava tão atordoado que sequer disse um ai. Rápida no gatinho a doutora veio com uma espécie de funil e encaixou dentro da minha boca para que ela pudesse entrar com o tubo. Só lembro que eu babava feito cachorro enquanto o tubo entrava. Não tenho como lembrar quanto tempo fiquei naquela situação, mas quando já estava quase sufocando o suplício terminou. Saí da maca ainda babando com a enfermeira me segurando pelo braço. Meu pai me esperava lá fora. Pedi para ir ao banheiro dar um jeito na baba e nem sei se meu pai foi comigo, só lembro da gente indo embora pelo elevador, coisa que meu pai detesta.
Cheguei em casa ainda sob o efeito da anestesia e dormi a tarde toda. Acordei morto de fome, com minha mãe, meu pai e meus filhos mais novos em casa. Comi um purê de batatas muito do sem graça que minha mãe fez e umas frutas. Meu estômago doía mais do que nunca. À noite, depois da novela, meus filhos quiseram ver um dvd com meu nome que estava em cima do móvel. Era o dvd do exame, pois hoje em dia eles gravam tudo, até endoscopia. Pior que a garotada gostou de ver, principalmente a hora em que o tubo "morde" um pedaço do meu estômago. Viram mais de uma vez. Mas eu confesso que não gostei nadinha de me ver por dentro. Sou adepto da beleza exterior, saca? Prefiro um espelho...
como diria o grande sábio...
ResponderExcluir"o importante é a beleza interior... uma vez lá dentro, beleza!"
que merda esses exames que fazem a gente fazer... nunca fiz um desses aí, mas tenho muito medo de entrar em tubos ou de tubos entrando em mim. Acho que quanto menos futucarem, melhor!
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