quinta-feira, 1 de março de 2018

Pele precipício

Hoje sou janela que abre pra dentro e pra fora.
Parapeito a debruçar sobre mim mesmo
até perder-me no horizonte, essa linha tênue,
que me divide entre o raso e o profundo,
entre o claro e o escuro,
a razão e o coração,
o sim e o não,
minhas luzes, tantas sombras.

Carrego tudo aqui comigo.

Ganhei de presente cenas do céu mais bonito,
da lua cheia iluminando estrelas azuis
e a constelação de escorpião no centro do meu país,
bem no alto da minha cabeça,
fazendo tudo ao redor girar.

Sim, eu sou janela que um vento quente e forte cisma em querer fechar.

Porém, meus olhos, esses sempre bem abertos,
veem que lá fora já se despede a madrugada, essa insone inveterada.
Ela desconfia que trago dentro do peito a esperança,
feito catarse refletida nos primeiros raios de sol
de outras manhãs de amor infinito a me tatuar.

Ainda não te contei do inferno a queimar minha pele precipício.

Nem do salto que eu dei.
Nem do abismo em que eu mergulhei.
Nem do medo que eu não senti.
Não precisa.

Isso é só o início.




Nenhum comentário:

Postar um comentário