Eu não sei o que eu faço de mim
se cada pedaço é de um jeito,
se ainda há nós dentro do peito,
um traço preciso dividindo tudo ao meio,
hemisférios norte e sul.
Meus dois lados.
Um bonito e um feio,
um vazio e um cheio,
um arrumado e um desfeito
e essa lua minguando de fases lá fora.
Traz com ela o vento insone da noite,
céu de estrelas coloridas,
abro os olhos,
tudo brilha,
e metade de mim quer andar descalço
nas areias quentes desse meu deserto particular.
A outra metade que fica quer se derramar em temporal,
se despir nas águas limpas do rio verde,
corpo solto,
correnteza,
mato, vida, natureza,
verso, verbo, rima.
Ponto final.
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