Eu não vim aqui falar do kaos, nem dos deuses da chuva e da morte.
Vim aqui dizer que eu tive a sorte de encontrar no meu caminho um pensador.
E que por onde quer que eu ande ele vai estar ao meu lado,
mesmo que eu já não esteja mais aqui.
Assim como ele, eu vim trazer o doce mel da poesia.
O verbo que me rasga a noite.
A harmonia que me invade dia a dia.
O ritmo, a dissonância, a melodia.
Eu vim fazer soar os timbres das canções que eu nem sabia que havia em mim.
Porque o que temos aqui hoje é arte.
É som,
é música,
é o verso da palavra escrita, sílaba por sílaba,
até escorrer pelo canto da minha boca e da sua.
A rima que sussurra em meu ouvido
vem do acorde que te sobe e te arrepia.
Arte que ecoa e transforma e transmuta e atravessa o tempo.
Eternamente provisório é o tempo em minhas mãos.
E nas suas.
Mas do que é feito o tempo?
É a linha tênue entre um instante e outro,
aquilo que entrelaça, que une, que liga
e que de repente despedaça,
desfaz o nó.
O tempo faz a gente virar pó.
E do pó, a gente vira luz
E da luz a gente faz um som.
Para cantar e iluminar essa cidade.
Uma ode à vida, que é essa dança ininterrupta,
constante cultura.
Negra, branca, ameríndia,
Essa mistura amalgamada,
que volta e se junta aqui de novo mais uma vez.
Incessantemente.
Porque já dizia outro poeta: o tempo não pára.
E encontra as canções perdidas de um disco antigo
que nunca deixou de tocar, aqui, ali, em todo lugar.
Para detonar a cidade.
Que feliz cidade é essa?
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