domingo, 19 de janeiro de 2014

Eu sei

Eu,
que apenas observo o mundo,
sigo tantas vezes calado,
me finjo de mudo,
noutras sou surdo,
mas cego nunca fui.

Do pouco que eu vi de tudo,
esse tudo me parece tão pequeno,
um quase nada,
um breve instante,
um leve sopro,
a mão suave a desfazer o nó.

Eu,
que já não sigo assim tão só,
persigo o que não conheço,
persisto nos mesmos apreços,
resisto até não poder mais,
insisto que eu existo.

Sou eu mesmo, juro.

Meu discurso nunca foi outro.
Minha vontade também não.
Mentiras se dispersam,
só as verdades me interessam,
sou aquele que se vai,
estou naquele que já vem.

Eu apenas observo aqueles que me observam.
Não enxergo nada além.

Nem eles, eu sei.

Um comentário:

  1. Eu não sei, Marcio Allemand, não sei porque seu poema me emocionou tanto. Desconfio, mas não posso dizer que sei.

    "Eu apenas observo aqueles que me observam.
    Não enxergo nada além.

    Nem eles, eu sei".

    Vou copiá-lo e levar para minha fanpage.
    Maria Helena

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