quinta-feira, 24 de março de 2011

Eu não sou perfeito


Desaprendi a mentir, pois já soube. Hoje, meus olhos quase não me permitem mais. Não levo em consideração as pequenas e inocentes mentiras. Até porque, não saberia dizer quais são as pequenas e quais são as inocentes. Falo da pior mentira, que é a de não ser verdadeiro consigo mesmo.

Antes de me afogar no vidro de rivotril ou de me perder com outras drogas, mergulhei na verdade.

Overdose de verdade.

Tomei consciência dos meus 40 anos, olhei para o espelho, vi meus cabelos mais ralos, minha barba grisalha, uma vida passando. Metade dela, talvez.

Entendi que eu não era perfeito, que eu tinha defeito e que aquele defeito é meu, só meu e de mais ninguém. Sinal de que eu, finalmente, me rendi à verdade.

Logo depois entendi que ninguém é obrigado a conviver com meus defeitos. Nem eu.

Ninguém aguenta.


Feito homeopatia, provei do meu próprio veneno para conseguir encarar minhas verdades. Chamei de meus tantos defeitos, convivi mais de perto com eles, dialogamos, brigamos e procuramos nos entender. Provar deste veneno exigiu de mim verdade e desapego. Foi então que descobri o melhor da brincadeira: desapegarmos de nós mesmos.

Porque somos nós aquelas falhas todas.

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