terça-feira, 13 de abril de 2010

Arnaldo Jabor, redes sociais, tuiteiros e ignorantes


Atualmente eu tenho tuitado mais do que qualquer outra coisa. Na verdade só o online do Jornal do Commercio me toma mais tempo em frente ao computador hoje em dia do que o tal do twitter. Entre uma nota e outra que publico no online, depois da cotação do dólar ou antes do pregão da Bovespa, lá estou eu ligado no twitter. Funciona meio que como uma válvula de escape ou uma janela para o mundo, onde posso me expressar (em no máximo 140 caracteres, é verdade!), me comunicar, trocar ideias, pensamentos, discordar, reclamar. Sei lá. Só sei que ainda estou meio que descobrindo essa ferramenta e a arte de ser sucinto com as palavras.

Lembro que dia desses, na casa de um amigo, rolou um papo a respeito dessas redes sociais e sua utilidade. Dos cinco amigos reunidos, só eu e o dono da casa éramos usuários das tais redes. De carteirinha, diga-se de passagem. Para ser sincero, acho que todos tinham lá seus orkuts e facebooks, porém, devidamente abandonados.

_ Não me sobra tempo, foi o que disse uma amiga.

E eu acredito que seja falta de tempo, mesmo, afinal, ela faz doutorado e doutorado não deve ser moleza não. O marido desta amiga minha foi logo torcendo o nariz, como se fazer parte de uma dessas redes fosse a coisa mais esquisita do mundo. Mas ele é um cara antenado, inteligente, descolado. Está perdodado. A outra amiga é mãe de uma menina de 2 anos e acabou de se mudar pra Salvador depois de quase 20 anos trabalhando duro na redação de um jornal diário aqui no Rio. Tem orkut que eu sei. Facebook também. Twitter acho que não, mas volta e meia nos falamos via google talk. Ou seja: está na rede. Porque o importante é não deixar esse movimento _ que vem trazendo uma nova maneira de se comunicar com o mundo _, passar. É preciso embarcar junto nesta e fazer parte desta revolução. Caso contrário, é como se você perdesse a viagem. Pelo menos na minha concepção.

Uma das viagens do twitter é justamente ser um espaço democrático para você se expressar seja lá como for. Tudo bem que volta e meia surgem uns seguidores meio indesejáveis (sempre tive grilos com gente me seguindo), tipo o Governo do estado que resolveu me seguir sejá lá pra quê. Se o seu Cabral vai começar a me vigiar, vai perder seu tempo porque de besta eu não tenho nada (ou quase nada) e nunca, nunquinha, vou postar alguma coisa que possa me comprometer. Mas, quer saber? Já andei reclamando do governo por lá. É meu direito de cidadão e, além do mais, esta semana mesmo vi uma entrevista do general Newton Cruz, o temível, onde ele afirmava que o Brasil vive uma democracia e nada pode mudar isso. Se ele, um ícone dos anos da ditadura, disse isso, é sinal de que eu posso respirar aliviado e continuar tuitando sem me estressar.

E tem gente que quando se estressa vai tuitar. É melhor do que socar a mesa, por exemplo. Acho que foi o caso de um amigo meu hoje cedo que, ao ler a crônica do Arnaldo Jabor no Segundo Caderno, ao invés de esbravejar ou amassar o jornal, foi para a rede e chamou os pobres e inocentes pais do cineasta/dublê de cronista de ignorantes. Tudo porque se sentiu ofendido com a frase "como ensinar a população ignorante que só um choque democrático e empresarial pode enxugar a máquina podre das oligarquias enquistadas do estado?". Ele vai votar no Lula, quero dizer, na Dilma, claro. E me parece que vai votar sem pensar, o que me causa muito estranhamento, já que este meu amigo de burro não tem nada. Muito pelo contrário. Sempre foi contestador, bem informado, culto. Mas foi pego por um sentimento que eu nem sei bem qual é, mas que me fez lembrar meu avô materno e seu amor incondicional a Getúlio Vargas, o pai dos pobres. Já prometi a ele uma foto do Lula com a faixa presidencial. Se bem que não duvido nada que ele já tenha arrumado uma.

Do Jabor eu curto os filmes Tudo Bem _ com a Fernandona_, e Eu sei que vou te amar _ com a Fernandinha. Do Lula eu confesso que gosto de algumas coisas também. Sempre gostei. Mas com mais fidelidade e dedicação. Até porque eu me dei conta de que ele não é tão fiel assim àqueles ideais que defendia antes de subir a rampa do Planalto. Basta vermos as incansáveis vezes em que ele, que um dia já se confundiu com a ética e com a moral, se mostrou omisso. E, por que não, leviano? Hoje já consigo me imaginar votando num José Serra, por exemplo. Principalmente porque sei que o governo FHC, dos tucanos, foi um governo que marcou positivamente a vida dos brasileiros. Foi ali, com Fernando Henrique, com o fortalecimento da nossa moeda e da nossa economia, que o nosso País começou a trilhar um outro caminho. Portanto, eu não posso ser injusto nem ingênuo e embarcar numa guerra de nós contra eles. Porque o Brasil é um só, mesmo que múltiplo em suas culturas. Não dá para apagar um passado e achar que só existe Brasil depois de 2002. Isso não é verdade. Quem pensa assim está sendo ignorante.

Ou não é ignorância apoiar políticos como Garotinho? Ou não é ignorância desrespeitar e debochar da legislação eleitoral, que proíbe campanhas fora de hora? Ou não é ignorância espalhar boatos de que um provável governo do PSDB acabaria com o programa Bolsa Família? Ou não é ignorância um Estado governado por sindicalistas deslumbrados com as mamatas do poder? Mas acho que o Jabor _ por quem eu nem nutro tanta admiração assim, repito _, não se referia a este tipo de ignorância, mas àquela em que falta o conhecimento. E daí para gerar mal entendidos, é um pulo. Tal e qual aconteceu com meu amigo, que de ignorante não tem nada.

5 comentários:

  1. Bom, já fui logo lendo e soltando algumas palavras imprecisas, o que talvez não seja muito do meu feitio, vai ver fui contaminado pelo estilo do meu amigo b-logueiro, de sair falando democraticamente, doa a quem doer. E paro em 3 coisas: no tal do verbo "tuitar", que me lembra da minha aversao a traduções meio que automáticas do inglês (quando trabalhava com TI ouvi de um analista de sistemas que o firewall "dropava" - de drop, deixar cair - pacotes de dados.... arghh!!!), e de como essas coisas vao se inserindo no dia a dia. Paro pela segunda vez nas minhas desconfianças quanto a todos esses adjetivos com "ado" (antenado, descolado, etc.), até porque acho que nao me enquadro bem nesses tipos, talvez por isso nao tenha um "diário da web" (a origem do tal BLOG, de web log) e nem ande tuitando por aí. Houve época em que o adjetivo interessante era quase um bombril dos adjetivos,servia para qualificar as coisas de um modo geral. E paro por fim no Lula, Arnaldo, Newton Cruz, Leonidas, generais e todos os pensamentos sobre a esquerda, democracia, etc. E termino com uma frase que anda na minha cabeça por estes dias, do Martin Luther King: "o que me preocupa não é o grito dos revoltosos, mas o silêncio dos bons." Assim, continue blogando e tuitando, caro amigo.

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  2. Para o azar da sorte ou a sorte do azar, acabei de encontrar o Paulo Isidoro e de ler o seu texto. Senta aí que lá vai história! Estórias também. E hoje, depois da poesia, ando preferindo as estórias.

    Até o verbo tuitar estamos de acordo, em alguns casos como o Lula, Dilma, Serra e o Brasil, também. Mas sobre aquele f@#$ilho da P*&^%uta do Jabor, preciso me defender: quando chamei os pais dele de ignorantes, foi bem que metáfora pela pouca educação que eles certamente não deram ao filho, e assim, ele se tornou essa coisa falsa, fake e pegajosa, que gosta e se acostumou a boa vida, comidinha na boca e quem sabe uma puta cara pra comer, tudo pago pela grana que ganhou durante o governo FHC, via Sistema Globo, que era pra não pegar mal. A mamata acabou e aí o dito cujo mete o pau no Governo que governa para a “população ignorante” e não para a classe privilegiada, defendida nas suas idéias.

    A política meu amigo? Essa nós poderíamos gastar horas e dias e não chegaríamos num acordo. Mas queria te dizer que voto no processo. Não posso acreditar que só um nome pode mudar tudo. Seria meio ditadura acreditar em só uma pessoa ou líder. Não me abstenho, pois é meu direito e dever. Acredito que nos últimos 8 anos este País deu um salto em direção aos menos assistidos – situação que conheço de carteirinha, vc sabe – Não se vendeu empresas a preço de banana, foram construídas quase uma centena de escolas técnicas federais, universidades; muita grana em P&D; cultura popular, saúde, empregos e por aí vai. É pouco? É. Muito pouco. Mas vai tirar um atraso de 500 anos em 8 pra ver!?

    Pouco mesmo foi o que fez o governo anterior. Tê-lo como ótimo só por causa do Plano Real é ingênuo ou falacioso. Este plano começou no Governo Itamar Franco com as URV’s, lembra? E as ações sociais tipo bolsa família, foram tímidas. Teve a chance de fazer e não fez por conveniência de classe e dinheiro.

    O País precisou e precisa de muito: de divisão de renda, de melhores condições de saúde, escola e trabalho. Não sei se a Dilma é capaz de fazer, mas vai tentar.

    O outro é retrocesso, concentrado, mercado financeiro mandando. A volta da múmia. É FHC, DEM, Alkimin, Sérgio Guerra, Demóstenes, Cesar Maia,... a lista é infinita.

    Um beijo,
    R.

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  3. Atendendo a sugestão após a “reclamação”. A questão é: ser capaz de expressar uma idéia em 140 caracteres ou ser incapaz de expressar idéias de mais de 140 caracteres?
    By the way: acima, foram utilizados 139 caracteres (descontados os espaços).
    Abs.

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  4. Oi, coloquei sua matéria no diHIIT, vc vai receber algumas visitas, abraço.

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  5. Ótima postagem! Não sou fã (ainda) do twitter, mas conheço pessoas muito viciadas nele (minha filha de 15 anos é uma delas). Tive febre de orkut um tempo, mas logo cansou e o deixei de lado! De vez em quando entro para dar uma olhada em fotos de amigos, os recados (que hoje tem mais correntes do que outra coisa). Agora tenho o meu blog o qual levo muito a sério! Só. Meu mundo virtual se resume nisso.
    Grande beijo!

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