segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Hay que encaretar pero sin perder la loucura jamás


Quinta-feira da semana passada. Chego na redação do jornal com minha garrafa de 1 litro e meio de água mineral gelada nas mãos para matar a sede durante a tarde quente. Cumprimento um ou outro enquanto caminho em direção à minha mesa. Ao meu lado ouço a diretora executiva do jornal, num bate-papo animado com o trainee, dizer que as redações hoje em dia estão repletas de gente careta e que na década de 70 o desbunde era geral. As festas eram regadas a drogas, muito papo-cabeça, algum sexo descompromissado e todos viravam noites e noites sem cessar. As matérias eram escritas em enormes e pesadas máquinas, daquelas que só encontramos em museus atualmente; as pautas eram passadas aos repórteres por pauteiros, profissional que praticamente desapareceu das redações; era permitido fumar no local de trabalho e uma grande maioria realmente fumava a valer; o trabalho do diagramador era quase artesanal e demorado; o fax era a maior novidade em termos tecnológicos e, mesmo assim, nem todos os jornais o tinham. Muitos ainda contavam com o telex, mas o certo mesmo era apurar via telefone e olhe lá. "Era uma verdadeira loucura e todos pareciam mais felizes", era sua conclusão.
Hoje as coisas mudaram. Outro dia eu ouvi um colega da redação dizer que não saberia viver sem o Google. Melhor dizer sem o São Google! Encontra-se de tudo lá, basta um clique. Tudo está mais rápido e as informações perdem seu valor de um momento para o outro. Quer fazer um teste? Basta acessar agora mesmo o seu jornal online de preferência e amanhã, nas bancas, o que você acabou de ler está lá, com as mesmas manchetes repetidas. E o que era para ser novidade, deixa de ser. A velocidade da informação chegou a níveis que há pouco tempo eram inimagináveis. Coisa de filmes e livros de ficção científica. Daí que eu me pergunto: o que virá depois disso? Não sei, mas o que sei é que não só nas redações dos jornais, mas no mundo todo tudo parece mais careta.
Uns dizem que foi a AIDS, esta doença maldita que serviu para dar um freio no desbunde generalizado; outros dizem que é culpa do puritanismo norte-americano e suas implicações num mundo globalizado. Prefiro acreditar que é só uma onda, uma fase e que a loucura que todos nós guardamos bem lá dentro uma hora vai dar o ar da sua graça. Confesso que nunca fui de me desbaratinar por aí inconsequentemente. Acho que nunca fiz nada que pudesse prejuducar quem quer que fosse em meus momentos de loucura. Talvez por ter sido pai muito cedo meu senso de responsabilidade tenha me deixado com os pés mais no chão. Mas isso não quer dizer que eu não cometa minhas insanidades. Até hoje, prestes a completar 41 anos, ainda adoro quebrar protocolos e (me) surpreender. Isso quando posso, claro. Porém acho que as minhas insanidades são saudáveis, em sua maioria, e eu detesto aqueles que se fazem de certinhos, aqueles que se adequam às regras sem ao menos tentar entender o por quê delas. Detesto mais ainda aqueles que estão sempre sorridentes, sempre simpáticos, com um bom humor patológico. Estes me parecem sempre prontos a dar um bote a qualquer momento. Basta você dar bobeira.
Mas a caretice que ronda essa nova geração é um fato. São jovens que cresceram sem serem incentivados a ler um clássico; não conheceram o que é ter senso crítico; só pensam de acordo com o que manda a massa; não apuraram seus gostos musicais; não valorizam nossa língua e, por consequência, escrevem cada vez pior. Fora a falta de educação, a falta de gentileza, a falta de respeito com tudo e com todos. Lógico que estou generalizando, pois acredito que ainda encontremos jovens que pensem diferente, que queiram quebrar estas regras que foram impostas Deus sabe por quem.
Eu também sou contra as drogas e toda a violência que está por trás de um inocente baseadinho; também sou contra aqueles que tentam driblar as blitzes da Lei Seca através de sites de relacionamento feito o Twitter; só que acima de tudo eu sou contra a caretice e a favor da loucura. Portanto, enlouqueçam! Porque os loucos estão mais perto de Deus.

Um comentário:

  1. Aqui vos fala uma jovem pertencente ou não a tal juventude citada no texto. Concordo com o diagnóstico dado a juventude, num modo geral. Meu gosto musical é bom, mas não sou grande conhecedora da vida e historia musical daqueles que escuto, devoro livros que me interessam e outros, como Incidente em Antares [Érico Verissimo] estão numa gaveta na casa da minha mãe, mas tbm não li toda a saga de Harry Potter, cansei no primeiro livro, muito menos Crepúsculo e suas continuações, esse nem mesmo o filme vi. Bom, a juventude se sedimenta, cada vez mais dividida em grupos afins. Nós, grupos seletos que apesar de separados por gostos e aparência somos a real juventude, infelizmente somos minoria, que morre de vergonha desses jovens que se alto proclamam juventude queimando nosso filme e índios.Nossa loucura vale a pena, a deles não.

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