Tenho um amigo que volta e meia vem aqui no meu blog e lê o que eu ando escrevendo. Ele diz que o que eu escrevo é divertido, mas ontem veio com um papo de que eu deveria falar sério. Disse que sente falta de um texto mais porrada, mais deprimido e que eu ando escrevendo apenas amenidades, coisas sem interesse. Por incrível que pareça eu não fiquei puto com ele; eu não desejei que ele fosse para o inferno com aquela crítica; eu não perguntei pra ele se ele sabia escrever melhor. Não. Eu ouvi o que ele me disse com toda a atenção e acho que ele tem mesmo razão. Eu gosto de escrever bobagens assim como gosto de falar bobagens. Vai ver é porque eu sei que a vida muitas vezes é muito dura e que para muitos de nós a carga é pesada. Daí textos mais leves. Mas a partir de hoje, além das amenidades, receitas, lembranças e poesias, meu blog vai ter textos sérios.
E nada mais sério do que escrever sobre coisas que tiram você do sério, não é mesmo? O caos urbano em que vivemos hoje, por exemplo, é algo que me tira do sério. Não se respeita nada nem ninguém. Aqui no Rio de Janeiro, cidade em que moro, agora temos um prefeito que anuncia choques de ordem a cada manchete de jornal. São automóveis rebocados num final de semana, mendigos tirados das ruas num outro, prédios demolidos, vans fiscalizadas, mais policiamento nas ruas da zona sul da cidade do que nas ruas da zona norte e uma relação de amor entre o município e o estado como há muito não se via por estas bandas fluminenses. Temos realmente um prefeito muito simpático, com cara de bom moço, que faz pose de pai de família, amigo do governador, ex-desafeto do presidente Lula, morador da Barra da Tijuca e frequentador de botecos famosos. Nada ilegal, e daí?
Ilegal é a bandalha, a falta de respeito, as calçadas mal conservadas, as ruas esburacadas, as avenidas mal iluminadas, as balas perdidas, as crianças sem escola, os doentes sem médicos nos hospitais e os políticos mal intencionados. Para estes parece não haver remédio. Ilegal é a falta de educação do nosso povo, que joga latas, garrafas, papéis e restos de comida pelas janelas dos carros ou dos ônibus; é o povo que cospe no chão que é o mesmo que mija no muro e que dá as costas para as autoridades; é o que compra mercadoria pirateada; que compra jóia roubada e essa droga que já vem malhada antes mesmo de eu nascer.
Aí eu venho e digo que o Rio de Janeiro continua lindo, mas não sei se digo por conveniência ou por convicção. Um outro amigo meu, gaúcho, que mora por aqui há anos, diz amar São Paulo e que lá tudo é mais bonito. E com isso eu não posso concordar. Porque São Paulo é uma cidade rica, com calçada mais largas, avenidas mais bem cuidadas, postes iluminados, gente bem vestida, mulheres elegantemente perfumadas, é preciso dar o braço a torcer e torcer por São Paulo. Sempre. Mas dizer que São Paulo é uma cidade mais bonita do que o Rio de Janeiro, não. Nunca.
Aqui há os contornos das montanhas e o vento que sopra do mar. Aqui há a menina mais linda do trecho da praia, a água de coco e o que se vê das Paineiras. Aqui a floresta te acolhe, a cachoeira refresca, o samba te envolve e os bondes de Santa Teresa. Aqui tem o Maraca e o grito forte das torcidas; o Sambódromo e o passo firme das mulatas; os braços abertos em bênção do Corcovado no alto da cidade. O calor do povo. O sorriso no rosto. Um certo ar de malandragem.
Mas aqui há o caos. Há desordem. O tiroteio que mais parece a guerra que vemos na TV. A falta de respeito no trânsito. Os moleques nas ruas. A farra na câmara. O lixo na Assembleia. E o cidadão que prefere não saber, que finge não ver, que passa como se nada o atravessasse, o atingisse. Muitas vezes é assim que eu me encontro. Alheio a tudo e a todos. Mas basta um olhar mais atento para eu também perceber que é preciso falar sério.
E nada mais sério do que escrever sobre coisas que tiram você do sério, não é mesmo? O caos urbano em que vivemos hoje, por exemplo, é algo que me tira do sério. Não se respeita nada nem ninguém. Aqui no Rio de Janeiro, cidade em que moro, agora temos um prefeito que anuncia choques de ordem a cada manchete de jornal. São automóveis rebocados num final de semana, mendigos tirados das ruas num outro, prédios demolidos, vans fiscalizadas, mais policiamento nas ruas da zona sul da cidade do que nas ruas da zona norte e uma relação de amor entre o município e o estado como há muito não se via por estas bandas fluminenses. Temos realmente um prefeito muito simpático, com cara de bom moço, que faz pose de pai de família, amigo do governador, ex-desafeto do presidente Lula, morador da Barra da Tijuca e frequentador de botecos famosos. Nada ilegal, e daí?
Ilegal é a bandalha, a falta de respeito, as calçadas mal conservadas, as ruas esburacadas, as avenidas mal iluminadas, as balas perdidas, as crianças sem escola, os doentes sem médicos nos hospitais e os políticos mal intencionados. Para estes parece não haver remédio. Ilegal é a falta de educação do nosso povo, que joga latas, garrafas, papéis e restos de comida pelas janelas dos carros ou dos ônibus; é o povo que cospe no chão que é o mesmo que mija no muro e que dá as costas para as autoridades; é o que compra mercadoria pirateada; que compra jóia roubada e essa droga que já vem malhada antes mesmo de eu nascer.
Aí eu venho e digo que o Rio de Janeiro continua lindo, mas não sei se digo por conveniência ou por convicção. Um outro amigo meu, gaúcho, que mora por aqui há anos, diz amar São Paulo e que lá tudo é mais bonito. E com isso eu não posso concordar. Porque São Paulo é uma cidade rica, com calçada mais largas, avenidas mais bem cuidadas, postes iluminados, gente bem vestida, mulheres elegantemente perfumadas, é preciso dar o braço a torcer e torcer por São Paulo. Sempre. Mas dizer que São Paulo é uma cidade mais bonita do que o Rio de Janeiro, não. Nunca.
Aqui há os contornos das montanhas e o vento que sopra do mar. Aqui há a menina mais linda do trecho da praia, a água de coco e o que se vê das Paineiras. Aqui a floresta te acolhe, a cachoeira refresca, o samba te envolve e os bondes de Santa Teresa. Aqui tem o Maraca e o grito forte das torcidas; o Sambódromo e o passo firme das mulatas; os braços abertos em bênção do Corcovado no alto da cidade. O calor do povo. O sorriso no rosto. Um certo ar de malandragem.
Mas aqui há o caos. Há desordem. O tiroteio que mais parece a guerra que vemos na TV. A falta de respeito no trânsito. Os moleques nas ruas. A farra na câmara. O lixo na Assembleia. E o cidadão que prefere não saber, que finge não ver, que passa como se nada o atravessasse, o atingisse. Muitas vezes é assim que eu me encontro. Alheio a tudo e a todos. Mas basta um olhar mais atento para eu também perceber que é preciso falar sério.
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