Poesia em mim é sobressalto.
É vento forte levantando a poeira
é rastro de fogo na beira do rio,
é a Iara-sereia que hipnotiza
enquanto canta seus versos
na correnteza cega que me seduz.
Poesia em mim é feito pranto.
Mas não um pranto triste.
É pranto que arrebata, daquele que arrepia, acende a luz das almas, ilumina as noites, enobrece os dias.
Poesia em mim é a luz que me guia.
É o meu firmamento, candeeiro de rimas ora imperfeitas que cismam em riscar o céu da minha boca e deslizar na tua língua.
Poesia em mim é juramento, é o verbo atestado, é o soco no peito do desavisado, a lira dos meus delírios mais profanos, a ode precisa e profunda de todos os meus planos, qual fossem estrofes mais perto do céu.